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O prato do poder corporativo consolidado

Apenas quatro empresas ― Bayer, Corteva, ChemChina e Limagrain ― controlam mais de 50% das sementes comerciais do mundo, enquanto a maior parte dos grãos comerciais do mundo é fornecida por apenas quatro gigantes: Archer Daniels Midland Company, Bunge, Cargill e Louis Dreyfus Company.
De acordo com a TNI, das 105 iniciativas multissectoriais analisadas, 25% estavam nas áreas da agricultura, terra, alimentação e nutrição, o que significa que esta área é uma das favoritas nesse preocupante tipo de parcerias.

Desde a década de 70, as grandes empresas estão a consolidar os seus negócios e/ou a adquirir novos. Por exemplo, no elemento primário da produção de alimentos do sistema alimentar, as maiores empresas de sementes compraram empresas menores do sector; grandes empresas químicas adquiriram o controle de empresas de sementes; gigantes do sector químico e de sementes investiram em biotecnologia agrícola; empresas farmacêuticas e químicas fizeram fusões e criaram firmas de químicos agrícolas como subsidiárias.
A consolidação também ocorreu noutras áreas do sistema alimentar, como no processamento de alimentos e nos mercados e cadeias de compras. Essas fusões e aquisições diminuíram o número de participantes do sector e, por fim, concentraram o poder nas mãos de poucas, mas muito poderosas, multinacionais.

Precisamos de nos perguntar: o que criou as condições para essas empresas pudessem aumentar o seu poder? E que impactos isso gera?

O controle ampliado de sementes comerciais por apenas alguns atores gigantes da indústria, por exemplo, compromete os direitos dos camponeses e outras pessoas que trabalham nas áreas rurais de conservar, usar, intercambiar, manter e desenvolver as suas próprias sementes, safras e recursos genéticos, bem como o seu direito de decidir que safras cultivar.

Devido ao seu tamanho e poder crescentes nos sistemas alimentares, as grandes empresas são cada vez mais vistas como contrapartes importantes na transformação dos sistemas alimentares. Por meio das chamadas plataformas multissectoriais ou parcerias público-privadas, os governos convidam as empresas para a mesa da formulação de políticas públicas para resolver os problemas pelos quais elas são amplamente responsáveis.

Como podemos recuperar o poder de tomar decisões sobre nossos sistemas alimentares?